Corpo de ex-vereador foi sepultado no começo desta tarde, em Santa Maria

Foi sepultado no começo desta tarde, no Cemitério Ecumênico Municipal, o corpo do ex-vereador do PDT Miramal de Mattos. O velório ocorreu na Câmara de Vereadores de Santa Maria. Ao longo da manhã desta quarta, amigos, familiares e representantes políticos foram à sede do Legislativo para prestar as últimas homenagens ao pedetista.

Mattos completaria 85 anos no dia 27 de abril e estava internado no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo desde o dia 6 de janeiro, após sofrer um AVC. A causa da morte, conforme familiares, foi falência múltipla dos órgãos.

Ele era viúvo e deixa três filhos: João Antônio de Mattos, 58, Rubimar de Mattos, 55, e Liamar Medianeira de Mattos, 49, além de quatro netos.

Natural de Cruz Alta, Miramal veio ainda criança para Santa Maria. Na cidade, formou-se técnico em Contabilidade e chegou a servir ao Exército. Desde jovem, teve grande participação no cenário político da cidade e do Estado. Sua primeira profissão foi bancário, inclusive, chegou a ser um dos principais organizadores da 1º greve dos bancários do Rio Grande do Sul.

Segundo o filho Rubimar de Mattos, o pai era um homem simples e sempre bem informado. Apesar da idade avançada, não deixava de ler os noticiários todos os dias. Nos finais de semana, não abria mão do churrasco com a família e das visitas à chácara que tinha em Itaara, onde dedicava boa parte do tempo para cuidar dos animais que criava.

O maior legado deixado pelo pai, segundo Rubimar, foi a honestidade em tudo o que fez, da vida pessoal à profissional:

- Política era o grande vício dele. Com toda sua honestidade e trabalho, meu pai acreditava no poder de transformação através da boa política - relata o filho.

Amigo da família Mattos, o funcionário público Henrique Soares, 52 anos, lembra que o ex-vereador era um homem íntegro e atuante, o qual fez muito pela cidade:

- Ele era competente em tudo o que fazia. Lembro que foi na gestão dele que nasceu o projeto da Parque Itaimbé - conta Soares.

A trajetória política

Filiado e militante histórico do PDT, Mattos foi um dos nomes mais atuantes da sigla santa-mariense nas décadas de 70, 80 e 90. Ainda durante a ditadura militar (1964-1985), foi perseguido por militares que o classificaram como "subversivo"- relata o neto Rafael.

No primeiro ano do governo do ex-prefeito Osvaldo Nascimento, na gestão de 1976 a 1982, Miramal foi chefe de Gabinete e, depois, secretário de Viação e Transportes do município. Entre 1983 a 1988, ele foi vereador. Nesse período, também foi presidente do Legislativo santa-mariense. Além de secretário e vereador, o pedetista atuou como vice-presidente da então Caixa Econômica Estadual (hoje extinta). Miramal contabilizou passagens pela Assembleia Legislativa gaúcha. Ele foi chefe de Gabinete, em períodos distintos, dos deputados Renan Kurtz e João Luiz Vargas, ambos do PDT.

Amigo de Mattos desde a década de 50, o também pedetista Frederico Norberto Muller, 76 anos, acompanhou de perto a trajetória dele:

- Conheci o Mattos como sindicalista. Logo depois, juntou-se ao antigo PTB e iniciou sua carreira política fundando o MDB e o PDT aqui na cidade. Foi um homem que lutou por direitos e conquistas, sempre amparado na ideologia do trabalhismo.

Outro amigo, Antonio Urach, 72 anos, recorda que, juntos, presenciaram importantes processos de mudança no país.

- Foram muitos comícios e campanhas políticas pelo PDT. Passamos pela ditadura, acompanhamos a queda de Jango e a Campanha da Legalidade liderada por Brizola - conta o aposentado.

O ex-deputado federal pelo PDT Pompeu de Mattos alegou que não poderia deixar de sair da capital gaúcha para se despedir do seu grande conselheiro. Ele, que foi ao velório, diz que Miramal será sempre um exemplo a ser seguido por seu equilíbrio e ponderação.

- Um exemplo de político com as mãos limpas, alguém para s"